O
Medo de uma Noite na Vida de um Adicto
Para
contar esta história, tenho que repassar o contexto no qual o fato
ocorreu. Considero-o um dos piores episódios de minha vida.
Desde
cedo, já estava altamente entorpecido. Havia negociado um Uno ano 92
por quantidades diárias de pedras de crack. Quase toda a comunidade
de usuários sabia deste feito.
Na
pequena casa, alugada para uso e abuso da droga, raramente fiquei
sozinho mas, não sei a causa ou motivo, naquela noite eu estava só
e ainda havia um bom punhado de pedras. De repente, ouvi barulho de
ferro nas grades de ferro das janelas, clec-clec-clec… e uma voz
vindo lá de fora.
Oi,
Pacheco, sei que está aí, abre a porta, vamos conversar, vamos
dividir o que tens aí – o som que vinha da janela era de um
revólver calibre 38 e o tom de voz era de sarcasmo puro, arrepiante.
Por mais que a cabeça estivesse em outro mundo, o corpo sabia que
corria perigo real nesta dimensão.
O
pavor, o medo, o estresse fediam em meu suor.
Seja
por acaso, por sorte ou Mão Divina, continuo aqui.
(Flavio Gaffrée Pacheco)
Comentários
Postar um comentário